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“O que fazemos aos outros, alguém pode também fazer conosco, e isso inclui tanto as boas, quanto as más atitudes.”
Olá, pessoal!
Este é o nosso segundo bate-papo da série “valores para a vida”. A proposta desta série é conversarmos sobre temas envolvendo sentimentos e valores humanos que, muitas vezes, são deixados de lado, dando lugar ao crescimento do egoísmo, da inveja, da violência, do desrespeito e de outros tantos males que vêm ganhando espaço diariamente em nossa sociedade.
Hoje gostaria de começar com uma história, cujo assunto é...
(recontada por Gislayne Avelar Matos)
Uma pobre mulher vendia queijos na feira, quando um gato se aproximou e roubou um dos queijos. Um cão viu o gatuno e tentou tirar o queijo dele. O gato enfrentou o cão. Então, eles começaram a brigar. O cão latia e avançava; o gato miava e arranhava, mas ninguém conseguia ganhar a briga.
Vamos então procurar a raposa para que ela sirva de juiz, o gato finalmente sugeriu.
Está bem, disse o cão.
E assim eles foram procurar a raposa.
A raposa ouviu os argumentos de cada um com ar ponderado.
Animais estúpidos, ela respondeu. Por que agir dessa maneira? Se ambos concordarem, eu dividirei o queijo em dois e vocês dois ficarão assim satisfeitos.
Está bem, concordaram cão e gato.
Então, a raposa apanhou uma faca e cortou o queijo em dois, mas não no sentido da largura e, sim, no sentido do comprimento.
A minha parte é a menor! Protestou o cão.
A raposa observou a metade do cão com ar ponderado.
Você tem toda razão, disse.
Então ela deu uma mordida no pedaço do gato.
Assim os dois ficariam iguais, explicou.
Quando o gato viu o que a raposa tinha feito, começou a reclamar.
Olha só, agora é a minha metade que está menor!
A raposa colocou os óculos e observou criteriosamente a metade do gato.
Você tem toda razão, disse a raposa. Num instante eu conserto isso.
E mordeu o pedaço de queijo do cão.
A coisa continuou por tanto tempo, ora a raposa mordendo a metade do cão, ora a do gato, que ela terminou por comer todo o queijo, bem diante dos olhos dos dois animais.
Como podemos observar, essa história muito nos ensina. Por isso, contá-la para os nossos filhos, nossas netas, nossos sobrinhos, nossas afilhadas ou nossos alunos já seria uma grande oportunidade para falarmos sobre os verdadeiros valores da vida para eles(as), não é mesmo? E como fazer isso?
Já no início da narrativa ela nos traz a possibilidade de conversar sobre honestidade, uma vez que o gato rouba o queijo de uma pobre trabalhadora. Nesse momento, podemos refletir com as crianças sobre qualquer tipo e/ou forma de roubo e as consequências de tal atitude para quem pratica.
Minutos depois, temos um gato que acaba por sofrer a causa de seu próprio ato, pois um cão tenta roubar o queijo que o felino havia furtado da vendedora. Temos, nesse trecho, a oportunidade de mostrar para os nossos(as) pequenos(as) ouvintes que o que fazemos aos outros, alguém pode também fazer conosco, e que isso se enquadra tanto em atitudes ruins como a do gato e a do cão, quanto em boas atitudes, quando, por exemplo, ajudamos as pessoas em alguma necessidade.
Daí vem o maior conflito da história, a divisão do queijo para evitar a continuidade da briga, estratégia pensada somente pela raposa, uma vez que gato e cão em meio à disputa não conseguiam refletir. Se o queijo não tivesse sido roubado, talvez essa seria realmente a melhor opção, uma vez que dividir algo não privilegia nenhuma das partes, e as trata como iguais. Este é então o melhor momento para refletir com nossas crianças sobre a opinião delas, sobre o que elas pensam a respeito e o que poderia ser feito. Vale colocar ainda que, ao invés da raposa realizar a divisão do queijo, uma estratégia melhor poderia ser: pedir para que o cão ou o gato dividissem o queijo e aquele que não realizasse a divisão tivesse o direito de escolher o pedaço com o qual ficaria. Afinal, qualquer um dos dois que cortasse o queijo ao meio iria fazer da melhor forma possível, com metades iguais, uma vez que seria o seu rival quem escolheria a parte com a qual gostaria de ficar.
No entanto, como a raposa não repartiu em partes iguais, o descontentamento foi tão grande que a inveja tomou conta do cão e do gato, pois ambos prestavam atenção somente na parte alheia e queriam tanto o que outro tinha. Com isso, acabaram por ficar sem nada. Está aí, no final da história, uma excelente oportunidade para conversar sobre a inveja e sobre os males que essa é capaz de trazer para quem a pratica. Temos aí mais um momento para convidar nossos(as) pequenos(as) a pesarem nos valores da vida que são contrários a essa atitude, como por exemplo, o desinteresse, o altruísmo, a generosidade, o desapego.
Ah! E já ia me esquecendo de comentar com vocês a respeito da raposa, uma figura já conhecida nas histórias como esperta e astuta. É por isso que precisamos também convidar as crianças a analisarem o comportamento dela, que pode de um lado realmente ter tentado ajudar os dois animais que brigavam pelo alimento, e de outro ter usado sua expertise com a intensão de comer o queijo pelo qual disputavam o gato e o cachorro, uma vez que ambos estavam fragilizados pela disputa.
Pois bem, essa fábula é apenas uma, entre as inúmeras narrativas que podemos utilizar junto às crianças para ajudá-las a refletir sobre os verdadeiros valores da vida. Vamos então, a partir da contação de histórias transformar sentimentos e/ou atitudes ruins em boas?
Que tal experimentarem?!
Vou ficando por aqui.
Um grande abraço e até a próxima!
Janayna.
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